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Mostra Kaingang aproxima escolas e celebra tradições indígenas

Evento ocorre até sábado com dança, gastronomia, artesanato e rituais tradicionais às margens da RSC-453

Mostra Kaingang aproxima escolas e celebra tradições indígenas
Foto: Maira Schneider

A 1ª Mostra Cultural Kaingang Tãhn Mag movimenta a comunidade indígena de São Rafael, em Cruzeiro do Sul, com uma programação que envolve arte, gastronomia e espiritualidade. Localizado às margens da RSC-453, o evento segue até o próximo sábado, 6, e busca valorizar os saberes ancestrais do povo Kaingang, além de promover a integração com a comunidade regional.

“A ideia surgiu tanto da nossa escola como também por conta da convivência entre os alunos da aldeia e os das escolas locais. É uma forma de integração social e de mostrar nossa cultura, nossa comida típica, nossa linguagem e tradição. Queremos ter uma boa relação com a região”, explica a cacica Miriane, líder da comunidade indígena. Segundo ela, o evento conta com apoio das secretarias municipais de Educação e Cultura, além de empresas locais.

Até o momento, 12 escolas da região já visitaram a mostra. No sábado, o espaço será aberto ao público em geral. A programação do dia inclui apresentações de dança tradicional, degustação de alimentos medicinais e visitação às barracas de artesanato, onde os visitantes podem conhecer utensílios e objetos confeccionados com técnicas ancestrais.

De geração em geração

Um dos destaques do artesanato é o trabalho de Jocélia de Mourão, de 54 anos, que aprendeu a arte com a mãe e as tias ainda na infância. Usando taquara, Jocélia confecciona cestos, balaios com tampo e outros objetos que hoje são usados tanto no cotidiano quanto para decoração.

“A maioria dos cestos é feito com taquara seca. Ele dura mais. Eu levo uns 30 minutos para fazer um. A taquara precisa ser cortada na lua cheia, raspada, deixada no sol para pegar a cor ideal”, conta. As peças são bastante utilizadas por moradores da colônia para guardar ovos, pães e cucas, além de serem vendidas em floriculturas e lojas como itens decorativos.

Da natureza para a cura

Além da produção artesanal, a mostra também apresenta a medicina tradicional indígena. O pajé Jocemar Garcia conduz oficinas e rituais com ervas medicinais. “A preparação das ervas proporciona contato com os ancestrais, que vivem espiritualmente junto à natureza”, explica.

Durante o ritual, as ervas são queimadas para gerar fumaça aromática, misturadas à água para purificação e utilizadas em rituais de batismo, cura espiritual e física. “Também pode ser bebida”, acrescenta o pajé.

No sábado à noite, a partir das 18h30min, ocorre o aguardado desfile do indígena e da indígena mais belos, encerrando a mostra com celebração e alegria.

A gastronomia também tem sido um sucesso à parte. “Todos que vieram aprovaram a comida e estão valorizando a experiência”, reforça a cacica Miriane.


Fonte: Grupo A Hora