Assim como no passado, Inter decide “mudar não mudando”
Apesar do tropeço na Copa do Brasil, dirigentes optaram por manter comissão técnica e dirigentes do futebol apostando na reação do time

Corria o longínquo ano de 1997. A internet ainda engatinhava, o dólar estava abaixo de R$ 2 e, no comando do Inter, estava ele: Celso Juarez Roth. O desempenho do time era instável e, após uma derrota para o Guarany de Venâncio Aires, por 2 a 1, no Interior, veio a pressão. O então presidente Pedro Paulo Záchia respondeu com uma obra-prima do anedotário futebolístico do Rio Grande do Sul: “Vamos mudar não mudando”. Deu certo. O time foi campeão gaúcho e fez boa campanha no Brasileirão.
Agora, quase três décadas depois, a máxima voltou a ser utilizada no Beira-Rio − mesmo sem a frase ter sido dita. Após mais uma eliminação, desta vez para o Fluminense, nas oitavas de final da Copa do Brasil, com um empate por 1 a 1 no Maracanã, a direção colorada decidiu seguir o manual de Záchia. Nada de demissão, pelo menos por enquanto. A ideia é promover uma mudança sem trocar ninguém. Roger Machado segue firme no cargo, assim como a sua comissão técnica, o executivo de futebol, André Mazzuco, e o diretor técnico D’Alessandro.
“Não pensamos em mudança. Temos convicção no trabalho e temos certeza que essa comissão e esses jogadores vão dar a volta por cima", garantiu o vice-presidente de futebol, José Olavo Bisol, logo após o fatal empate no Rio de Janeiro. Em tom de mea-culpa coletivo, completou: "Todos têm culpa, inclusive os dirigentes. A gente tinha convicção de que poderia passar para a próxima fase. Mas agora temos que virar a página e seguir em frente em busca de melhorar a campanha no Brasileirão e também na Libertadores”.
Convicção, aliás, parece ser o grande ativo no vestiário colorado. O problema é que ela ainda não se traduziu em bom futebol. A atuação diante do Fluminense, embora marcada por um erro individual do volante Ronaldo no lance do gol carioca, refletiu uma equipe limitada em ideias e execução. O que fazer, então? Roger tentou explicar.
“Como não vou defender minha permanência? Claro que acredito que podemos mais. Ninguém está satisfeito com esse resultado e com essa desclassificação”, afirmou o treinador, talvez respondendo a si mesmo. “Agora, não há outro argumento a falar. Temos que nos resignar e trabalhar mais e diferente para que os bons momentos dos jogadores, que já ofereceram muito e também passam por oscilação, possam voltar. Precisamos encontrar as soluções estratégicas e coletivas necessárias. Mas tenho a confiança do grupo. É um grupo trabalhador”, completou.
Trabalhador, sim. E sem tempo nem para lamentar. A delegação retornou do Rio de Janeiro logo após a partida e, ontem, treinou no CT Parque Gigante. Neste sábado, a equipe encara o Bragantino, em Bragança Paulista, em jogo crucial para evitar uma perigosa aproximação com a zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Depois, como se não bastasse, encara o Flamengo, de volta ao Maracanã, na abertura das oitavas de final da Libertadores. Aliás, o Inter terá uma sequência de três partidas contra o time carioca, considerado o melhor do país, mas que também caiu da Copa do Brasil na noite de quarta-feira.
Em resumo: o Inter segue em frente após mais uma eliminação, a 13ª da gestão do presidente Alessandro Barcellos. Com os mesmos rostos, os mesmos discursos e, pelo menos por enquanto, os mesmos problemas. A esperança dos atuais dirigentes é que em 2025, assim como em 1997, o time reaja em campo e mantenha o emprego dos profissionais envolvidos.
Fonte: Correio do Povo