“Muitas empresas do RS vão acabar fechando” se tarifaço de Trump continuar, diz presidente da Fiergs
Para Claudio Bier, todos os lados perdem com a medida do presidente norte-americano de tarifas produtos brasileiros em 50%

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Claudio Bier, disse nesta sexta-feira haver uma relação de perdas para ambos os lados no tarifaço estabelecido ao Brasil, de 50% em todos os produtos, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que muitas indústrias do Rio Grande do Sul “vão acabar fechando” caso esta medida continue. Bier justificou a fala dizendo que há companhias em que os EUA representa mais de 95% de sua exportação.
“Temos 200 anos de relações comerciais com os EUA e não podemos perdê-la de uma hora para a outra. Pedimos para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) fazer uma reunião com todas as federações do Brasil, para que possamos mediar esta situação. Acho que os políticos estão radicalizando muito e dificilmente vão se entender. O grande prejudicado é o Brasil, mas é um perde-perde, porque os Estados Unidos também o são, porque precisam de nossa matéria-prima”, afirmou Bier, que esteve em visita ao Correio do Povo. Conforme ele, esta mediação liderada pela indústria busca fazer com que a situação “volte ao normal” ou que haja uma “taxação adequada”.
Bier ressaltou que os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais da indústria brasileira, já que a maioria dos produtos manufaturados do Brasil vai para solo norte-americano, enquanto a China é o maior comprador geral. Questionado sobre a posição do presidente Lula, que disse querer se reunir com o empresariado, e se o Brasil poderá buscar novos mercados a partir da atitude de Trump, Bier disse não ser uma tarefa simples.
“A China nos compra muita soja e minério, mas máquinas e o que é industrializado é muito pouco, porque eles já têm uma indústria muito forte, e também perderam posição para os Estados Unidos. Não são o parceiro ideal para nós. Temos que agora, como empresários, tentar mediar para que se consiga uma negociação, em que nós possamos ficar trabalhando, vendendo e comprando nos EUA. Temos que ter cabeça fria e não botar mais lenha na fogueira”, acrescentou o presidente da Fiergs.
Em nota na última quinta-feira, a federação havia manifestado preocupação com as tarifas estabelecidas por Trump, indicando que “medidas dessa natureza afetam diretamente a previsibilidade e a estabilidade das relações comerciais, comprometendo a competitividade da indústria brasileira”, com foco direcionado “na defesa do livre comércio, do diálogo internacional e da segurança jurídica para as empresas exportadoras do Rio Grande do Sul”.
Fonte: Correio do Povo