Tempo deve favorecer colheita do milho silagem
Agricultores enfrentam dificuldades para acessar lavouras pelo excesso de umidade no solo

O excesso de chuva das últimas semanas, com acumulados entre 330mm e 460mm no Vale do Taquari no mês de junho, tem desafiado produtores rurais e causado prejuízos em algumas culturas. Um dos principais desafios tem sido acessar as lavouras com maquinários para as semeaduras ou para a colheita do milho silagem. A próxima quinzena deve ser de tempo seco na região, favorecendo o avanço das atividades no campo.
A demora para conseguir finalizar a colheita do milho pode comprometer a qualidade da silagem, aponta o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Alano Thiago Tonin.
“Pode passar do ponto de colheita, perder qualidade o campo e aumentar a incidência de fungo, o que depois ocasiona problemas provocados por micotoxinas nas vacas.”
Segundo boletim da Emater, as chuvas e as temperaturas mais baixas favoreceram o crescimento das forrageiras cultivadas, porém a falta de sol dificultou o pastejo e provocou o apodrecimento das folhas baixeiras. Avança a semeadura de cereais de inverno para silagem como estratégia de redução de custos e garantia de alimentação do rebanho. Em razão do frio mais intenso e do solo encharcado, o crescimento das pastagens nativas se reduziu. Mesmo assim, os animais foram transferidos para essas áreas, visando preservar as pastagens cultivadas do pisoteio excessivo.
Situação das culturas, segundo Emater
Aveia-branca – As precipitações prejudicaram o avanço da semeadura e a execução de tratos culturais. A cultura apresenta desenvolvimento adequado, com plantas vigorosas, mas a coloração das folhas está verde-pálida em decorrência da baixa luminosidade. A Emater/RS-Ascar projeta o plantio de 401.273 hectares. A estimativa de produtividade está em 2.254 kg/ha.
Canola – As chuvas interromperam o avanço da semeadura da canola, embora grande parte dos produtores já tenha concluído o plantio. As instabilidades provocaram perdas de fertilidade do solo decorrentes de erosão hídrica, especialmente em pontos de concentração do escoamento superficial. A Emater/RS-Ascar projeta o cultivo de 203.206 hectares, e produtividade de 1.737 kg/ha, representando aumento de 37,41% e de 22,56%, respectivamente, em relação à safra passada.
Cevada – Temporariamente suspensa devido à recorrência de chuvas. As lavouras já estabelecidas apresentam desenvolvimento satisfatório, sem registros de danos associados às precipitações. Na região Norte do Estado, onde se concentra a maior parte da área cultivada, os volumes pluviométricos foram menores, não resultando em enxurradas nem comprometendo o estande ou a sanidade das plantas. Para a Safra 2025, a Emater/RS-Ascar projeta 27.337 hectares cultivados e produtividade de 3.198 kg/ha.
Milho – Os trabalhos de colheita do milho, inclusive manuais, foram interrompidos devido à ocorrência contínua de chuvas, que também comprometem a qualidade dos grãos, aumentando a incidência de fungos e de grãos ardidos. Restam áreas em regiões de minifúndios, onde a operação ocorre de forma manual, conforme sua utilização na propriedade.
Gado de corte – O tempo frio e chuvoso reduziu o conforto animal e o ganho de peso. Em função da chegada do frio e das geadas, que prejudicaram as pastagens, foi necessário suplementação alimentar e uso de pastagens de inverno já estabelecidas. O manejo sanitário segue intenso, mas houve redução na incidência de carrapatos, apesar da resistência aos produtos. A comercialização permanece aquecida, especialmente para animais de reposição e prenhes. O mercado está em estabilidade, e há expectativa de valorização para animais de melhor qualidade.
Gado leiteiro – O excesso de chuvas e o frio intenso, nas últimas semanas, reduziram a produção de leite e dificultaram o manejo das pastagens. Apesar do bom desenvolvimento das forrageiras cultivadas, a falta de sol prejudicou o pastejo e causou o apodrecimento das folhas baixeiras, afetando a alimentação do rebanho. Essas condições climáticas têm demandado maior atenção a problemas de casco, mastite e doenças respiratórias, além de reforço no manejo sanitário e nutricional, especialmente em sistemas menos estruturados ou com déficit de forragem.
Fonte: Grupo A Hora