Advogado grita e é detido por desacato durante julgamento sobre Bolsonaro no STF
Sebastião Coelho é ex-desembargador e defende Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro

Policiais judiciais detiveram nesta terça-feira (25) o desembargador aposentado Sebastião Coelho por um princípio de tumulto no julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete por golpe de Estado, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Após o registro da ocorrência, Sebastião Coelho foi liberado.
Coelho foi detido por "flagrante delito por desacato e ofensas ao tribunal". Antes, ele tinha protagonizado um princípio de tumulto ao fim da leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes.
Sebastião Coelho é advogado de Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro. Martins também é acusado de envolvimento na tentativa de golpe, mas não compõe o "núcleo" cujas denúncias estão sendo analisadas nesta semana.
O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, determinou o registro do boletim de ocorrência. Barroso não participa da Primeira Turma, mas acompanha o julgamento desta terça no prédio do Supremo.
Sebastião Coelho nem chegou a entrar no plenário da Primeira Turma – mas, ainda assim, conseguiu interromper o momento em que o relator das denúncias, Alexandre de Moraes, fazia a leitura do relatório.
Já na parte final do documento, quando Moraes listava os denunciados e falava do agendamento das sessões de julgamento, a fala foi interrompida por gritos vindos de fora do plenário.
Sebastião gritou palavras de ordem, como "arbitrário", e foi retirado do local. Após a breve interrupção, Moraes concluiu a leitura do relatório e passou a palavra ao procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Natural de Santana de Ipanema (AL), Sebastião Coelho tem 69 anos e é desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Ele deixou de exercer a magistratura em setembro de 2022.
Em 13 de setembro de 2023, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu uma apuração e quebrou o sigilo bancário dele por suspeita de incitação a atos de 8 de janeiro quando ainda exercia o cargo de desembargador.
No mesmo dia, Sebastião Coelho participou, como advogado, do primeiro dia de julgamento dos atos no STF. Ele defendia, na ocasião, o réu Aécio Lúcio Costa Pereira, que foi preso em flagrante no Senado durante os atos praticados por apoiadores de Jair Bolsonaro no dia 8 de janeiro.
Naquele julgamento, Aécio Pereira, cliente de Sebastião Coelho, foi condenado pelos ministros do STF a 17 anos de reclusão. O apoiador de Bolsonaro foi o primeiro condenado pela Corte após os atos de 8 de janeiro.
Fonte: G1