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Pressão por saída de Barcellos cresce e pode se tornar insustentável em caso de queda

Estatuto prevê algumas alternativas para forçar a saída de um presidente. Uma delas é considerada viável

Pressão por saída de Barcellos cresce e pode se tornar insustentável em caso de queda
Foto : Mauro Schaefer

A derrota para o São Paulo por 3 a 0, na Vila Belmiro, e o agravamento da situação do Inter no Brasileirão intensificaram um movimento que já vinha ganhando corpo nos bastidores do Beira-Rio: a pressão pela saída antecipada do presidente Alessandro Barcellos e de todo o Conselho de Gestão. O tema, que até então circulava apenas em conversas reservadas, chegou às rodas de conselheiros e ganhou força entre torcedores comuns. E pode tornar-se irreversível caso o rebaixamento se confirme neste domingo.

Nos últimos dias, diversos conselheiros realizaram consultas informais sobre os caminhos estatutários para um afastamento, sinalizando que a articulação, embora ainda embrionária, existe. A onda de insatisfação também ecoa nas redes sociais, onde cresce o entendimento de que a queda para a Série B exigiria uma mudança imediata no comando político do clube.

Ainda em Santos, logo após a partida contra o São Paulo, Barcellos conversou com interlocutores e foi categórico ao dizer que “pagará o preço” caso o rebaixamento aconteça. O presidente reconheceu a pressão crescente, mas afirmou que pretende cumprir o último ano do mandato (2026 será o sexto e derradeiro ano de sua gestão). Sua intenção, segundo ele, é, em caso de queda, trabalhar para devolver o Inter à Série A.

Ou seja, mesmo ciente do desgaste político, Barcellos não ventilou a possibilidade de renunciar.

Caminhos para um afastamento

O estatuto do Inter prevê quatro possibilidades para a saída de um presidente antes do fim do mandato, além da renúncia. As três primeiras são afastamentos motivados por gestão temerária ou fraudulenta, flagrante desrespeito ao estatuto ou improbidade administrativa. Nenhuma delas, ao menos até o momento, parece se encaixar na situação de Barcellos e de seus vice-presidentes.

Mas há uma quarta via, juridicamente possível e politicamente relevante e viável. Qualquer associado pode protocolar um pedido de afastamento desde que reúna assinaturas equivalentes a 1/25 dos votantes da última eleição presidencial (pouco mais de mil nomes, portanto). Atingido esse número, o Conselho Deliberativo deve analisar o pedido e pode convocar uma assembleia geral para que os associados decidam, em votação direta, se mantêm ou afastam o Conselho de Gestão.

Confirmada a saída, o colegiado escolhe, entre seus membros, um novo presidente para assumir um mandato-tampão até o final do período vigente. A eleição regular para a presidência, prevista para o fim de 2026, permanece inalterada — e Barcellos, por estar no segundo mandato, já não poderia concorrer.

Segunda-feira será decisiva

Caso o rebaixamento se confirme no domingo, a tendência é que o movimento pela saída antecipada ganhe volume imediato. O debate, que hoje ocupa corredores e grupos de WhatsApp de conselheiros, deve migrar para o centro da vida política do clube, colocando Barcellos diante do maior desafio institucional de seus seis anos à frente do Inter.


Fonte: Correio do Povo