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Inter: após só nove jogos, Ramón Díaz vê pressão crescer

Argentino tem percentual de aproveitamento inferior ao de Roger, o que gera apreensão nos bastidores entre quem o escolheu

Inter: após só nove jogos, Ramón Díaz vê pressão crescer
Foto: Ricardo Duarte / Inter / CP

A crise do Inter atingiu um novo patamar após a derrota para o Vitória, por 1 a 0, na noite de quarta-feira, no Barradão. O resultado, que manteve o time em uma sequência de quatro jogos sem vencer e sem marcar gols, aumentou a pressão sobre o técnico Ramón Díaz, que pode ter sua trajetória encurtada no comando colorado em caso de um novo tropeço neste sábado, diante do Bahia, no Beira-Rio. Pelo menos, a pressão nos bastidores vai neste sentido.

O argentino chegou há nove rodadas com a missão de recuperar o time e afastá-lo da parte de baixo da tabela, mas até o momento não conseguiu promover evolução tática nem reverter o cenário de instabilidade. O Inter segue apresentando os mesmos problemas que já se manifestavam na reta final da passagem de Roger Machado, como lentidão na saída de bola, dificuldades na criação de jogadas e baixa efetividade no ataque.

A situação é agravada pelo baixo rendimento sob o comando de Ramón Díaz. Em nove partidas, o treinador soma duas vitórias, três empates e quatro derrotas, um aproveitamento de apenas 33,3%. O percentual é inferior, inclusive, ao de Roger Machado neste mesmo Brasileirão, que obteve 39,1% e, mesmo assim, acabou demitido.

Nos bastidores, a direção acompanha com apreensão o desempenho do time. O discurso oficial ainda é de confiança no trabalho, mas há o entendimento de que se não vencer o Bahia, a permanência de Ramón pode tornar insustentável. Algumas decisões técnicas do argentino têm gerado questionamentos internos, como a opção por deixar Carbonero no banco de reservas em partidas nas quais o Inter teve extrema dificuldade para criar.

Após a derrota em Salvador, Ramón tentou transmitir confiança, destacando que o time ainda depende apenas de si para escapar da zona de rebaixamento. “O mais importante é que dependemos de nós”, afirmou, referindo-se ao fato de o clube ainda estar fora do Z-4.

O cenário, porém, é delicado. A falta de reação, somada à crescente pressão externa e ao risco de rebaixamento, faz com que o duelo com o Bahia tenha contornos de decisão. Além disso, o calendário oferece uma oportunidade rara: após o jogo deste sábado, o Inter terá quase duas semanas sem jogos, já que o próximo confronto será apenas no dia 20 de novembro, contra o Ceará, fora de casa. Isso significa que, em caso de mudança no comando, um eventual substituto teria tempo para conhecer o elenco e ajustar a equipe para a reta final do Brasileirão.

Vamos juntar união e força para sábado botar a cara outra vez. Temos que tirar o Inter dessa situação, diz Ramón Díaz

NEGACIONISMO

A tabela, os resultados e o futebol apresentado ultimamente indicam a possibilidade real de rebaixamento, mas, após a derrota para o Vitória, tanto o técnico Ramón Díaz quanto o executivo André Mazzuco evitaram o tema e até demonstraram alguma irritação quando questionados sobre ele. Mas há um motivo para essa postura negacionista: Ramón, Mazzuco e os demais dirigentes acreditam que evitar falar sobre rebaixamento diminui a pressão sobre o grupo de jogadores, já bastante abatido. “O Inter hoje não está na zona de rebaixamento. Mas é um momento difícil para todos nós”, afirmou Mazzuco.

A derrota para o Vitória agravou de forma considerável a situação colorada. De acordo com o Departamento de Matemática da UFMG, as chances de rebaixamento do Inter subiram de 9,6% para 17,5% após o resultado em Salvador.


Fonte: Correio do Povo